CASA DE NAZARÉ, ESCOLA DE VIDA

        
          A primeira escola de trabalho que Jesus teve foi seu próprio lar. Desde pequeno se familiarizou com o vocabulário: trabalho, dignidade, realização (…) A família de Nazaré viveu com o drama da insegurança do trabalho. Viveu o sofrimento de muitos desempregados de nossa sociedade. Quando fugiu para o Egito num país de cultura diferente, sem parentes, amigos… até encontrar um emprego, viveu certamente a preocupação de sustentar sua família, depois no regresso do Egito, José teve que começar de baixo. É possível que enquanto conseguia as ferramentas necessárias e não tinham fregueses, não trabalhou como carpinteiro. Saiu ao campo para qualquer tipo de trabalho rural: para capinar, plantar, colher… depois quando Jesus cresceu e começou a partilhar o trabalho da oficina, deve ter acontecido outro problema: no pequeno povoado de Nazaré duplicou-se a oferta de carpinteiro e, portanto diminuiu a procura de seus serviços. Por isso muitas vezes se viram sem trabalho. Ambos deixaram o martelo e os pregos para trabalhar no campo.
           Podemos dizer que Jesus foi camponês, não apenas pela conseqüência lógica de que era impossível ter trabalho para ambos no povoado. Mas também porque nos exemplos e parábolas que usava para explicar o mistério do reino, trazem todas temas rurais. Ele falava da terra, das sementes, dos animais e das estações como alguém que tem experiência própria.
            São José é apresentado como patrono e modelo dos operários no dia 1° de maio de 1955, pelo Papa pio XII. José é digno deste título porque viveu a experiência do trabalho a luz da fé no Deus da Vida. Via no trabalho não só uma maneira para o proveito de sua família, mas também um serviço a toda a comunidade e sociedade, onde se projetava o poder do criador de Deus. Viver o trabalho como dom de Deus é sentir-se como co-criador ao lado de Deus. José viveu esta espiritualidade, entendia como a busca da compreensão da própria vida e no compromisso com a causa da vida.
            Quando o evangelho diz que José é justo, é porque compreendeu que a verdadeira justiça de Deus é a defesa radical da vida nas pessoas; de uma mãe solteira e de uma criança em gestação. José buscou o discernimento de como agir segundo a vontade de Deus e sua misericórdia. Agindo assim José interrompeu o processo que coloca a lei acima da pessoa. Por isso José é símbolo do homem verdadeiramente justo, que coloca a vida em primeiro lugar.

Estudos Josefinos Junho 2001 n° 03 pag. 75
Pe. José Antonio Bertolin OSJ.